quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O início !

           A fotografia em si não é uma invenção, mas sim a união de várias descobertas e invenções. A primeira delas foi a câmara escura, em que a sua descoberta é atribuída ao filósofo Aristóteles (384-332 a.C.). Ela permitia visualizar eclipses solares sem prejudicar os olhos, através de um pequeno furo na câmara.
          O furo permitia a passagem de luz e a formação de imagens dentro dela, sendo que a nitidez da imagem formada dependia do tamanho do furo: quanto menor o furo, mais nítida era a imagem. O efeito colateral era o escurecimento da imagem formada, pois um furo menor permite passar menos luz.
      Novas idéias foram sendo adicionadas à câmara escura, como as lentes (para permitir que furos grandes pudessem produzir fotos nítidas) e o diafragma (para variar o tamanho do furo usado juntamente com as lentes). O aperfeiçoamento das câmaras escuras permitia que qualquer imagem fosse refletida perfeitamente num papel, e essa idéia foi muito usada por artistas, mas para fixar as imagens no papel, foi necessária a ajuda da química.

Sim, nós temos fotos!

          Principalmente por acidente, químicos foram descobrindo como alguns compostos de prata reagem à luz, mas foi Thomas Wedgwood o primeiro a usar o nitrato de prata juntamente com a câmara escura para fixar imagens em couro. 
          A primeira foto de fato foi feita por Joseph Nicéphore Niépce, usando uma placa de estanho com betume branco e a deixando por oito horas numa câmara escura voltada para o quintal de sua casa. O processo foi chamado de 'heliografia', pois usava a luz solar.

           Outro químico, Louis Jacques Mandé Daguerre, aperfeiçoou a heliografia, substituindo compostos químicos e descobrindo que o tempo de revelação diminuiria para minutos usando-se vapor de mercúrio e tiossulfato de sódio. Willian Henry Fox-Talbot, cientista inglês, usou o processo de Daguerre para aperfeiçoar suas próprias experiências com a câmara escura - criando os termos 'fotografia', 'negativo' e 'positivo'.
As descobertas de Frederick Scott Archer foram fundamentais para a popularização da fotografia, pois nenhuma delas foi patenteada. Ele basicamente criou o processo de revelação de fotos e o antecessor do filme fotográfico, permitindo imagens muito mais nítidas do que as feitas até então. 

As máquinas fotográficas

          Toda a química envolvida na vida de um fotógrafo começou a ser simplificada com a criação de placas secas com uma espécie de gelatina que já traziam os compostos químicos necessários para uma fotografia. Com a criação do celulóide, por Alexander Parkes em 1861, os últimos problemas visíveis nas placas secas (fragilidade e peso) foram resolvidos.

          George Eastman, fundador da empresa Eastman Kodak Company, usou a idéia para criar um filme de nitrato de celulose (o celulóide usado na época) que era colocado em uma máquina fotográfica.

A cada foto, o filme era enrolado num carretel, e no final do processo, o filme era enviado para a fábrica, onde era revelado. O funcionamento do equipamento (Kodak n.1, lançado em 1888) é a descrição exata de como funciona uma câmera fotográfica tradicional. E o slogan "Você aperta o botão e nós fazemos o resto" mostra que a fotografia podia agora ser feita por qualquer pessoa, sem conhecimentos de química.

Os primórdios da fotografia digital

          O conceito de fotografia digital apareceu juntamente com a guerra fria e a corrida espacial. Afinal de contas, como fotos do espaço e do país rival poderiam ser tiradas a milhares de quilômetros de altura se o filme não pudesse ser trazido à Terra para ser revelado? 

         A primeira tentativa de se criar uma câmera digital foi apenas em 1975, por Steven Sasson, da Kodak. Usando o novíssimo chip CDD de detecção de imagens, desenvolvido pela Fairchild Semiconductor em 1973, o protótipo pesava mais de 3 quilos, gravava imagens em preto e branco, tinha uma resolução de 0.01 megapixels (10 mil pixels) e precisava de 23 segundos para capturar uma imagem. Obviamente, o dispositivo era apenas um protótipo.

            A primeira câmera eletrônica portátil (como os aparelhos de hoje) surgiu em 1981. A Sony Mavica não pode ser considerada uma ‘câmera digital’, pois não captava imagens estáticas, mas gravava vídeos (como filmadoras) e salvava apenas alguns frames (que, de fato, são fotos). A qualidade de imagem pode ser considerada igual à das televisões da época.
A comercialização das câmeras digitais começou apenas em 1986, com a Canon RC-701. O preço absurdo da época (cerca de US$ 20 mil) e a baixa qualidade das imagens geradas, em comparação com câmeras tradicionais, restringiram o público alvo dos produtos.
 Vários modelos de câmeras eletrônicas foram lançados nos anos seguintes, mas duas merecem destaque: a Canon RC-250 Xapshot, cujo kit completo custava US$ 1.500 foi a primeira com preço acessível ao consumidor médio. Já a Nikon QV-1000C, com venda de apenas algumas centenas de unidades, era voltada para profissionais, e foi a primeira câmera eletrônica cuja qualidade de imagem era igual às câmeras tradicionais.

A chegada das verdadeiras câmeras digitais

           Provavelmente a primeira câmera realmente digital, gravando imagens como arquivos reconhecidos no computador foi a Fuji DS-1P em 1988, com 16 MB de memória interna. Não há, porém, registros de comercialização deste modelo.
Logo, a primeira câmera digital lançada comercialmente foi a Dycam Model 1, em 1990, com capacidade de se conectar a um PC ou um Mac para transmitir as fotos.
Em 1991, a Kodak lança a DCS-100, que custava US$ 13 mil. Ela foi a primeira câmera digital profissional a usar o sistema SLR, que utiliza espelhos e uma única lente para garantir que o que o fotógrafo está vendo realmente será fotografado. Usando o corpo de uma câmera da Nikon, ela tinha uma resolução de 1,3 MP.
Nos anos seguintes, vários modelos de câmeras digitais foram lançados, trazendo inovações facilmente vistas hoje em dia, como a Fuji DS-200F em 1993 (primeira com memória flash embutida), a Apple Quick Take 100 em 1994 (primeira câmera digital colorida com preço inferior a US$ 1000), a Nikon Zoom 7000 QD em 1994 (primeira com função de estabilização de imagens), a Casio QV-10 em 1995 (primeira câmera com visor de cristal líquido) e a Ricoh RDC-1 em 1995 (primeira que permita gravar fotos e vídeos).

Megapixels para todos!

        Todas as câmeras digitais mostradas até agora apresentam baixa resolução de imagens. A resolução é baseada no sensor CCD (ou CMOS) usado no equipamento para converter os fótons (unidade básica da luz) em imagem. De forma básica, o sensor é formado por milhões de 'alvos' que contam a quantidade recebida de fótons - isto significa que, quanto maior a quantidade de 'alvos', maior a resolução da foto, pois mais fótons foram percebidos. 
             Outros fatores também interferem diretamente na resolução, como qualidade das lentes usadas e tamanho físico do próprio sensor.
              As resoluções mais comuns das câmeras digitais são:
- 0.01 MP (resolução de 320 x 240 pixels)
- 0.3 MP (resolução de 640 x 480 pixels)
- 1.3 MP (resolução de 1280 x 1024 pixels) - resolução ideal para fotos de até 10 x 15 cms
- 2.0 MP (resolução de 1600 x 1200 pixels) - resolução ideal para fotos de até 13 x 18 cms
- 3.0 MP (resolução de 2048 x 1536 pixels) - resolução ideal para fotos de até 15 x 21 cms
- 4.0 MP (resolução de 2272 x 1704 pixels) - resolução ideal para fotos de até 20 x 25 cms
- 5.0 MP (resolução de 2560 x 1920 pixels) - resolução ideal para fotos de até 24 x 30 cms
- 6.0 MP (resolução de 2816 x 2112 pixels) - resolução ideal para fotos de até 28 x 35 cms
- 7.0 MP (resolução de 3072 x 2304 pixels)
- 8.0 MP (resolução de 3264 x 2448 pixels)

            A partir de 1997, as câmeras digitais domésticas começavam a apresentar resoluções superiores a 1.0 MP, e as câmeras profissionais evoluíam a passos largos. Exemplo: a Nikon D1, de 1999, apresentava resolução de 2.74 MP, custava menos de US$ 6 mil e era a primeira do gênero feita por apenas um fabricante.
                Pode-se considerar o período entre 2001 e 2003 como a verdadeira época de popularização das câmeras digitais: em 2001 surgiu no Japão o primeiro telefone celular com câmera digital embutida (Sharp J-SH04). Em 2003, foi lançada a primeira câmera digital com qualidade profissional voltada para consumidores: a Canon EOS 300D, com resolução de 6.0 MP e custo de US$ 900.
                Hoje, percebemos que a maioria das câmeras domésticas apresenta resolução até mesmo superior às necessidades dos usuários, os telefones celulares com câmeras têm resolução comparável com câmeras digitais de 'berço' (como o Nokia N96) e até mesmo câmeras com recursos profissionais para consumidores domésticos desafiam filmadoras (como a nova Nikon D90, com 12.2 MP e capacidade de gravar vídeos em HDTV).

Fotos de Máquinas Fotográficas












Composição da câmera fotográfica

         Uma câmera fotográfica consiste basicamente numa caixa hermética à luz com uma lente numa extremidade e um mecanismo que consiga manter um suporte sensível à luz.
       Na história, a câmara fotográfica tem dois antepassados: a câmera obscura do Renascimento e, posteriormente, a câmara estenotopaica ("pin hole").
       As câmeras mais sofisticadas possuem, geralmente, dois mecanismos que pela sua conjugação permitem obter a exposição ideal para a sensibilidade da emulsão fotográfica: o obturador que controla o tempo que a emulsão fotossensível irá ser exposta à luz e o diafragma (geralmente situado na objetiva fotográfica), que controla a intensidade de luz que irá impressionar o material fotossensível.
        Podem-se dividir as câmeras fotográficas sobre dois aspectos que as caracterizam: a construção da própria câmera e o formato da imagem que realizam. Assim, quanto à construção podemos dividi-las em dois grandes grupos:
- câmeras de objetiva fixa, que não permitem a troca de objetiva fotográficas, e se subdividem em câmeras de visor direto, em que a imagem que o utilizador vê nem sempre coincide com a imagem projetada pela objetiva fotográfica); câmeras reflex com uma só objetiva (SLR: "single lens reflex"), em que o utilizador vê uma imagem semelhante à projectada pela objetiva fotográfica; e câmeras de lentes geminadas (TLR: "twin lens reflex"), que possuem no seu corpo duas objetiva semelhantes, uma para projetar a imagem para o utilizador e a outra para projetar a imagem para a emulsão fotossensível.
- câmeras de objetiva impermutáveis, que permitem a troca de objetiva. Neste grupo existem as mesmas subdivisões que no grupo anterior.
        Quanto ao formato da imagem que realizam, as câmeras fotográficas podem dividir-se em três grandes grupos: câmeras de pequeno formato, que geralmente realizam imagens de 24mm x 36mm (formato vulgarmente designado por "35mm") e de 17mm x 30mm (designado APS: "Advanced Photo System"), câmeras de médio formato que realizam imagens de 6cm x 4.5cm, 6cm x 6cm, 6cm x 7cm e 6cm x 9cm e câmeras de grande formato que realizam imagens a partir de 6cm x 9cm em diante, geralmente até o formato 20cm x 25cm.
        A câmera mais comum é a de objetivas impermutáveis (SLR) de pequeno formato, geralmente denominada por câmera de 35mm SLR.
     O funcionamento desta máquina assenta essencialmente num mecanismo óptico denominado por penta prisma. Este penta prisma transforma a imagem invertida, em sentido horizontal numa imagem idêntica à imagem projetada na emulsão fotográfica. Um espelho reflete a imagem produzida pela objetiva fotográfica sobre o penta prisma, que no ato de fotografar rebate, deixando assim a imagem projetar-se sobre a película.
        Salientem-se ainda as câmeras de formato digital, que podem pertencer a um dos dois grupos acima mencionados. Estas câmeras armazenam as imagens por elas registradas diretamente num suporte digital (magnético), permitindo assim ao utilizador transferi-las para um computador pessoal, uma vez que existe uma interface de comunicação entre eles.

Câmeras fotográficas antigas

Câmera portátil Walker - 1881


          Nas últimas duas décadas do século XIX as câmeras fotográficas evoluíram bastante. Um dos principais fatores nesse processo foi o aperfeiçoamento das chapas e das emulsões fotossensíveis. As emulsões em gelatina, o pancromatismo (sensibilidade igual a todas as cores) e sobretudo os novos suportes em celulóide caracterizavam os novos filmes, tornando obsoletos os daguerreótipos e os calótipos até então usados. Além disso o Congresso de Paris de 1889 normalizou os formatos das chapas, as aberturas das objetivas e as velocidades de obturação. A Indústria chegava à Fotografia.
         A diminuição do tamanho e da velocidade dos filmes fez com que aparecessem pequenas câmaras muito engenhosas que, atendendo à tecnologia da época, eram verdadeiros prodígios da miniaturização. Câmaras dissimuladas de revólveres, de relógios, de sacos de mão ou de discos, que se podiam guardar no bolso, já não constituíam novidade na época e faziam as delícias de todo o amador extravagante de fotografia.


Photosphere 9x12 - 1885



Câmera relógio Lancaster - 1886


Câmera de bolso Stirn - 1886


Câmera Omnigraphe Large - 1887
Câmera Express Détective de Nadar (versão tropical) - 1888

         Houve então quem se apercebesse das potencialidades comerciais da fotografia e a transformasse num negócio. Por esta altura, em França, o atelier de Blanquart-Évrard, uma grande empresa, executou muitos trabalhos sob encomenda. Porém, foi nos Estados Unidos que surgiu o homem que haveria de revolucionar e industrializar a fotografia: George Eastman. O seu objetivo era tornar a fotografia barata e acessível a todos e, para isso, concebeu uma pequena câmera que usava filme em papel com gelatina de brometo de prata. Foi comercializada a partir de 1888 com o nome de Kodak one.
         A começar pelo nome comercial que escolheu, Eastman teve intuição ao produzir este pequeno aparelho que fazia fotos redondas. Os filmes que eram adquiridos incluíam no preço a revelação e a substituição por um filme novo, uma ideia que vigorou até ao aparecimento da fotografia digital. Mas Eastman não se acomodou ao sucesso e, pouco tempo depois, lançou a Brownie, uma câmera fotográfica para crianças.
Câmera Kodak One - 1888
Câmera Demon Dective - 1889

Câmera Photoshere 2 - 1892

Câmera Verascope - 1894

          Vários progressos ocorreram neste período. A fotografia estereoscópica, por exemplo, teve muita aceitação entre o público e levou a que os fabricantes comercializassem modelos com duas objetivas. 

Câmera Kauffer Photo (saco de mão) - 1895



Câmera Escamoteável Kodak - 1897

       Também a óptica sofreu desenvolvimentos importantes. Um dos mais significativos foi o surgimento do visor, conhecido como viewfinder. Na verdade em quase todas as câmeras desta época a mirada era feita através de uma moldura metálica geralmente amovível situada na parte superior do aparelho. Não era muito rigoroso, como é evidente, mas com uma pequena lente incorporada o enquadramento passou a ser muito mais preciso. Apenas já no século XX este dispositivo se tornou comum.
        Outra inovação importante foi a objetiva escamoteável, sistema que permitia alojar uma óptica de boa qualidade dentro de um corpo de tamanho reduzido. Este sistema, em que a objetiva estava ligada a um fole de cartão ou tecido que se distendia quando se abria a tampa, foi norma em muitos aparelhos durante bastante tempo. Eastman estava entre os pioneiros com a sua Kodak, claro.

Câmera Sigriste - 1899
Câmera RG Cycle Graphic (4x5) - 1900

          O mundo das câmeras fotográficas antigas é um mundo fascinante não só pela beleza dos aparelhos como até pelas peculiares características formais das fotos que faziam. Eastman foi um protagonista privilegiado destes tempos heróicos e, como se não bastasse, deixou-nos em herança o testemunho dessas memórias que é o fabuloso acervo da George Eastman House

(DOCUMENTÁRIO) A HISTORIA DA FOTOGRAFIA

Evolução da Câmera Fotográfica