quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Câmeras fotográficas antigas

Câmera portátil Walker - 1881


          Nas últimas duas décadas do século XIX as câmeras fotográficas evoluíram bastante. Um dos principais fatores nesse processo foi o aperfeiçoamento das chapas e das emulsões fotossensíveis. As emulsões em gelatina, o pancromatismo (sensibilidade igual a todas as cores) e sobretudo os novos suportes em celulóide caracterizavam os novos filmes, tornando obsoletos os daguerreótipos e os calótipos até então usados. Além disso o Congresso de Paris de 1889 normalizou os formatos das chapas, as aberturas das objetivas e as velocidades de obturação. A Indústria chegava à Fotografia.
         A diminuição do tamanho e da velocidade dos filmes fez com que aparecessem pequenas câmaras muito engenhosas que, atendendo à tecnologia da época, eram verdadeiros prodígios da miniaturização. Câmaras dissimuladas de revólveres, de relógios, de sacos de mão ou de discos, que se podiam guardar no bolso, já não constituíam novidade na época e faziam as delícias de todo o amador extravagante de fotografia.


Photosphere 9x12 - 1885



Câmera relógio Lancaster - 1886


Câmera de bolso Stirn - 1886


Câmera Omnigraphe Large - 1887
Câmera Express Détective de Nadar (versão tropical) - 1888

         Houve então quem se apercebesse das potencialidades comerciais da fotografia e a transformasse num negócio. Por esta altura, em França, o atelier de Blanquart-Évrard, uma grande empresa, executou muitos trabalhos sob encomenda. Porém, foi nos Estados Unidos que surgiu o homem que haveria de revolucionar e industrializar a fotografia: George Eastman. O seu objetivo era tornar a fotografia barata e acessível a todos e, para isso, concebeu uma pequena câmera que usava filme em papel com gelatina de brometo de prata. Foi comercializada a partir de 1888 com o nome de Kodak one.
         A começar pelo nome comercial que escolheu, Eastman teve intuição ao produzir este pequeno aparelho que fazia fotos redondas. Os filmes que eram adquiridos incluíam no preço a revelação e a substituição por um filme novo, uma ideia que vigorou até ao aparecimento da fotografia digital. Mas Eastman não se acomodou ao sucesso e, pouco tempo depois, lançou a Brownie, uma câmera fotográfica para crianças.
Câmera Kodak One - 1888
Câmera Demon Dective - 1889

Câmera Photoshere 2 - 1892

Câmera Verascope - 1894

          Vários progressos ocorreram neste período. A fotografia estereoscópica, por exemplo, teve muita aceitação entre o público e levou a que os fabricantes comercializassem modelos com duas objetivas. 

Câmera Kauffer Photo (saco de mão) - 1895



Câmera Escamoteável Kodak - 1897

       Também a óptica sofreu desenvolvimentos importantes. Um dos mais significativos foi o surgimento do visor, conhecido como viewfinder. Na verdade em quase todas as câmeras desta época a mirada era feita através de uma moldura metálica geralmente amovível situada na parte superior do aparelho. Não era muito rigoroso, como é evidente, mas com uma pequena lente incorporada o enquadramento passou a ser muito mais preciso. Apenas já no século XX este dispositivo se tornou comum.
        Outra inovação importante foi a objetiva escamoteável, sistema que permitia alojar uma óptica de boa qualidade dentro de um corpo de tamanho reduzido. Este sistema, em que a objetiva estava ligada a um fole de cartão ou tecido que se distendia quando se abria a tampa, foi norma em muitos aparelhos durante bastante tempo. Eastman estava entre os pioneiros com a sua Kodak, claro.

Câmera Sigriste - 1899
Câmera RG Cycle Graphic (4x5) - 1900

          O mundo das câmeras fotográficas antigas é um mundo fascinante não só pela beleza dos aparelhos como até pelas peculiares características formais das fotos que faziam. Eastman foi um protagonista privilegiado destes tempos heróicos e, como se não bastasse, deixou-nos em herança o testemunho dessas memórias que é o fabuloso acervo da George Eastman House

Nenhum comentário:

Postar um comentário